segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Skid Row – Vince Neil – Poison
The Molson Amphitheatre – Toronto – Canadá
03 de junho

É hora de abrir o armário e procurar aquela caixa que está guardada há muito tempo. Abra-a e pegue aquela velha camiseta preta da sua banda favorita, aquela calça jeans apertada, que provavelmente não serve mais em você. Aquela jaqueta de couro que há muito você não via e - finalmente - mas não menos importante, aquela bandana que saiu de moda há muito tempo e era usada para segurar seus longos cabelos compridos – quando você ainda os tinha. Vista estas roupas, deixe a mostra aquela sua tatuagem já desbotada pelo tempo e seja bem-vindo de volta aos anos 80. Mais precisamente, quando o hard rock dominava todas as paradas e não existia esta coisa de rap, nem de new-metal, que esta garotada ouve hoje em dia.

Era exatamente este o clima numa fria noite de primavera no The Molson Amphitheatre, uma arena a céu aberto localizado no meio do maior parque de Toronto. O que mais se via eram pessoas por volta dos trinta ou quarenta anos, usando roupas que -com certeza- há muito tempo não eram vestidas e que definitivamente não fazem mais parte da moda da juventude atual. Mas, e quem disse que quem estava lá neste dia se importava com isto? O que todos queriam era ver ao vivo três ícones do hard rock (ou metal farofa como muita gente – preconceituosa – o chama): Skid Row, Vince Neil (ex-Motley Crue) e a atração principal da noite, Poison, em sua turnê “Harder, Louder and Fester”.

Quando menos da metade das cadeiras (isto mesmo, todos os locais eram sentados e numerados) estavam ocupadas, entra no palco o Skid Row. Ao som do hino norte-americano e, obviamente, sem seu membro mais famoso, o ex-vocalista Sebastian Bach, começaram um show que empolgou o público, principalmente durante as músicas mais antigas, como “18 and Life”, “Monkey Business” e “Wasted Time”, que não deixaram de ser apresentadas. Misturada a estas, algumas novas do seu novo albúm e uma cover totalmente improvavél – Psycho Terapy dos Ramones –, mostraram que o novo Skid Row ainda tem muita madeira pra queimar a serviço do rock. O único porém de toda esta história é que, justamente, na música mais esperada, a balada “I Remember You”, os agudos do vocalista Johnny Salinger não chegaram nem perto do seu antecessor (E não foi apenas eu que percebi isto). E no fim do show, uma enorme bandeira norte-americana surgiu no fundo do palco.

Totalmente desnecessário, tendo em vista que, assim como Buenos Aires não é a capital do Brasil, o Canadá não faz parte dos Estados Unidos. Mas parece que geografia não é o forte deles.
Cerca de vinte minutos após o término da primeira apresentação, surge no fundo do palco, uma outra bandeira com o nome da próxima atração: Vince Neil. Todos os presentes estavam lá não para conferir o seu trabalho solo e sim ouvir os antigos hits do Motley Crue. E, como ele é um cara legal, resolveu que não ia decepcionar ninguém. E a metralhadora de sucessos foi disparada, sem nenhuma piedade: “Shout Out the Devil”, “Too Young to Fall in Love”, “Girls Girls Girls”, “Same Ol’ Situation”, “Home Sweet Home”, “Wild Side”, “Looks that Kill” e “Dr. Feelgood”. Com músicas como estas, não teve como o público ficar sentado e apesar de não serem elas tocadas pelos integrantes originais, não perderam em nada a qualidade original, tendo em vista que esta nova banda é muito competente. Está certo, faltou o solo do Tommy Lee, mas ninguem é perfeito. Se você fechasse os olhos, teria certeza que estava num show do Motley Crue, pois a voz do bronzeado Vince Neil continua exatamente a mesma. E não há como negar que “Home Sweet Home” é uma das baladas mais bonitas da historia do rock. Por tudo que foi apresentado, foi o show da noite.

Finalmente, quando comecava a escurecer – já eram quase nove e meia mas, por algum motivo que nao sei explicar, é nesta hora que o sol se põe aqui – todas a luzes do palco se apagaram e, para uma galera que gritava insandecida, Rikki Rockett, Bobby Dall, C. C. DeVille e Bret Michael apareceram para dar a todos tudo aquilo, que muitos esperaram por anos. Hard rock e muitas baladas, especialidade do Poison – e todos temos que reconhecer que eles são muito bons nisto. O show, que foi uma mescla das músicas novas com as mais antigas, na medida exata para agradar a todos, apresentou efeitos pirotécnicos e de luz que um show do gênero merece; tudo isto auxiliado pela mais moderna tecnologia. E, é claro, em músicas como “Something to Believe In” e “Every Rose Has It’s Thorn” – que contou com a participação especial de um gigantesco globo de luz, que fez o local paracer uma enorme boate dos anos 80 –, fizeram surgir os clássicos isqueiros acessos, além de embalar beijos e mais beijos apaixonados, pois muitos dos presentes com certeza tinham estas músicas como ‘suas’. Além disto, músicas poderosas como “Talk Dirty to Me”, “Nothin’ But a Good Time” e “Unskinny Bop” e solos de C. C. DeVille – definitivamente em forma – e Rikki Rockett completaram o espetáculo com todos os clichês de um bom show de hard rock. Impecável.

Após toda esta maratona: três shows, mais de três horas de música, é hora de voltar para a casa, que o dia seguinte ainda seria uma quarta-feira, mas não sem antes guardar tudo novamente no mesmo local e esperar o próximo show pois como muitos dizem – e com razão – o rock ‘n’ roll nunca morre, apenas hiberna, para sair da toca no próximo verão; mesmo que este demore mais alguns anos para aparecer.

20/06/2003

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